Rádio do vovô

Tudo que use o abandono por dentro e por fora

Mãe Negra na curva do fim do mundo


A Mãe Negra estava lá, na curva do fim do mundo, quando parou para me falar. Seu relato fui obrigado a memorizar, pois não tinha papel nem caneta em mãos. Tive que trocar umas palavrinhas que acabaram escapulindo, vocês sabem, essas coisas acontecem. O desenho foi feito por uma artista que pinta poesias. A Alice PriNa (com n de navio) também tem um blog que é uma lindeza. O endereço é aliceprina.wordpress.com. Eu acho que ela também conheceu a Mãe Negra por aí.

"Meu filho, a gente só qué um cantinho bunito, um fundo de mundo pra gente vivê. É querer demais? Você vai sê doutô de iscrevê, vai sabê das coisas da vida que nem eu sei dos assuntos da morte. A morte quando chega vai deixando a gente sabido, meu filho. Mas aí a gente não tem muito tempo pra aproveitá os ensinamentos que a maré traz. O vento passa e leva tudo... Vai tudo pro lado de lá, pra fora do espaço onde meu braço alcança. Meu braço é pequeno e o mundo é tão grande! Mas olha, não tem tristeza, não, menino! A vida é isso, ora. Quando menina eu tinha a dança, tinha a força da esperança e o alento do tempo que não existia. Hoje eu tenho esta cadeira velha, este andar cansado quase parado e um olhar profundo, mais fundo que o mundo que eu nem vejo, mas que está lá em algum lugar e é pra lá que eu vou. É pra lá que eu vou, meu filho. Te encontro ."

2 comentários:

Manuelle Rosa disse...

caio, que blog bonito!
que surpresa muito boa descobrir os teus escritos!
são muito sensíveis!
beijo

Anônimo disse...

lindo texto...