Tino, Fernando, Maurício e João

Na rua onde moro tem um vendedor de milho chamado Tino. Ele tem um jeito engraçado de sorrir olhando para o chão. Reparei que o detalhe do uniforme do Tino é verde. Alguém passou horas e horas diante daquele uniforme, debruçado sobre uma máquina de costura, na dúvida entre o azul, o amarelo e o verde. E escolheu o verde! Aqui na rua também tem o Fernando, que conserta panelas como ninguém. Seu ponto é em frente ao do Tino, o vendedor de milho, e ao lado do Maurício, o empalhador. O Fernando tem uma das caras mais tristes que eu já vi. É triste até quando sorri. Já o João, nosso gari, varre a rua inteirinha, além de três outras ruas, cantando baixinho. Sempre que dá, depois do serviço, ele veste um calção e dá um mergulho na Praia Vermelha. Um dia eu o encontrei na beira do mar. Ele cantava baixinho. Essas coisas não saem no jornal, mas eu fico um bocado feliz ao conhecer melhor esses homens que trabalham para nos servir. E posso falar sobre eles aqui. Eu só queria dizer "obrigado".